A maioria das estampas que eu desenho vão para T-shirts, então resolvi escrever esse pequeno artigo sobre essa peça de roupa tão amada por tantos.
Segundo Dennis Nothdruft, curador do Fashion and Textile Museum de Londres,
“A T-shirt é uma forma básica de dizer ao mundo quem e o que você é.”
Talvez você já saiba que a T-shirt tem esse nome porque a sua forma lembre a letra “T“, mas a sua história vai bem além disso.
Atualmente as t-shirts estão presentes no guarda roupa da maioria das pessoas, mas até os anos 50 era motivo de escândalo aparecer em público vestindo uma T-shirt, usada até então exclusivamente como roupa íntima masculina.
Os primeiros registros históricos de algo parecido com uma t-shirt vem da Idade Média, quando os soldados e nobres da época as vestiam para proteger suas peles das armaduras que usavam cotidianamente.
Em 1898, o exército e a marinha dos EUA adotaram o uso das t-shirts como parte do uniforme para se protegerem do rígido tecido da farda, e das variações externas de temperatura.
Em 1904 a Cooper Underwear Company publicou uma revista onde anunciava seu novo produto: uma prática camiseta sem botões, que se vestia pela cabeça, e que custava 1 dólar.
Em 1920 a palavra “t-shirt” entrou para o dicionário inglês.
A partir de 1950, enquanto a Europa ainda estava sob os efeitos da segunda guerra mundial, houve uma acensão da indústria têxtil dos EUA. As roupas ficaram mais básicas, funcionais, padronizadas, e passaram a ser produzidas e consumidas em massa.
Nessa mesma década, a t-shirt fez as primeiras aparições no cinema. Marlon Brando e James Dean chocaram o público ao usarem suas t-shirts não mais como roupa íntima, mas sim como peças protagonistas dos seus estilos. Uma aura sexy de rebeldia e transgressão começava a ser construída ao redor dessa polêmica peça de roupa.
Na década de 60 as mulheres também passaram a usar t-shirts. Christian Dior foi o primeiro estilista a levar t-shirts para os seus desfiles, e Yves Saint Laurent seguiu a tendência logo depois. Andy Warhol e Roy Lichtenstein conferiram status de obras de arte às t-shirts estampadas com suas serigrafias. Os hippies simplificaram os cortes, e adotaram o uso cotidiano das t-shirts. Muitas mensagens de paz, amor e protestos foram passadas através das suas estampas, e de seus coloridos tie dyes.
Em 1973 o The New York Times publicou uma matéria intitulada “A T-shirt se tornou um meio para a mensagem”.
Na mesma década eclodia o movimento Punk, trazendo a cultura do “faça você mesmo”, customização, e criando assim uma forte cultura que segue influente até os dias de hoje. Também nessa época, a produção textil global começava a se transferir para a Ásia em busca de preços menores e menos regulações.
A década de 80 foi muito criativa, colorida, brilhante e exuberante. Nessa época, a Coca Cola criou a sua primeira coleção de t-shirts; a série de TV Miami Vice mostrava que o legal era vestir blazer com t-shirts por baixo; a MTV era apresentada por jovens que vestiam diariamente suas t-shirts bacanas; e a cultura Hip-Hop ganhava força com suas t-shirts super largas. A essa altura, o uso cotidiano da t-shirt estava globalmente consolidado, e esse poderoso mercado avançava rapidamente.
No início dos anos 90 surgem os primeiros tecidos de algodão orgânico certificado, cultivado em fazendas nos EUA e na Turquia. Esses tecidos deram origem às primeiras roupas sustentáveis de origem certificada.
A partir dos anos 2000, movidas pela opinião pública, cada vez mais marcas passaram a se preocupar com os impactos sociais e ambientais que suas empresas causam, e como isso afeta as suas imagens.
Alguns fatos chamam a atenção para o nosso atual estágio de produção e consumo:
“Aproximadamente metade de todos produtos têxteis são feitos de algodão.”
“Os atuais métodos de produção do algodão são ecológicamente insustentáveis.”
“A produção de algodão utiliza 16% de todos os inseticidas do planeta.”
“Os pesticidas aplicados durante a produção de algodão também podem ser detectados nas roupas.”
A produção de algodão orgânico vem crescendo constantemente, mas ainda assim representa pouco menos de 1% da produção global.
O crescimento da produção de algodão orgânico depende do aumento da demanda por esta matéria prima que, por sua vez, aumentará à medida que mais consumidores tomem conhecimento da sua importância.
Com o tempo, seremos capazes de comprar cada vez menos produtos, com qualidades superiores, e utilizá-los por muito mais tempo.
Aqui vão algumas marcas nacionais bacanas que produzem t-shirts com algodão orgânico: Pano Social, Justa Trama, Modefica, Osklen, Reserva, Ahlma e Renner; E algumas marcas internacionais: Patagonia, People Tree, Ecoalf, Chnge, Thinking Mu, Jungmaven e Nike.
“Sustentabilidade é o conceito que reúne um conjunto de conhecimentos e atitudes, os quais definem ações e atividades humanas visando suprir as necessidades atuais sem comprometer o futuro das próximas gerações.”
E você, tem alguma T-shirt de algodão orgânico?